Características constantes e características variáveis nas experiências
Morgan
efectuou uma série de experiências, nas quais as variáveis são os fenótipos e
os genótipos das moscas presentes nos cruzamentos (Drosophila Melanogaster) e
a descendência. As constantes são o meio e as condições de cultura e a
metodologia utilizada para cruzar as moscas.
Resultados obtidos por Mendel vs resultados obtidos por Morgan
Inicialmente, o objetivo de Morgan, ao
realizar experiencias com moscas-da-fruta (Drosophila
Melanogaster), era provar que a Teoria Cromossómica da Hereditariedade de
Mendel estava incorreta. O seu propósito era estudar a transmissão hereditária
de características como o tamanho das asas e a cor do corpo nestes seres.
Numa primeira fase desta experiencia,
Morgan cruzou uma fêmea de corpo cinzento e asas normais (homozigótica
dominante) com um macho de corpo preto e asas vestigiais (recessivo). O
primeiro fenótipo parental é considerado do tipo selvagem, enquanto que o
segundo é denominado mutante. Deste cruzamento resultou uma descendência 100%
do tipo selvagem e heterozigótica. De seguida Morgan cruzou uma fêmea de F1
com um macho mutante, obtendo quatro fenótipos na descendência, apenas dois dos
quais correspondiam aos parentais. Assim
Morgan obteve moscas: de corpo cinzento e asas normais, corpo preto e asas
vestigiais, corpo cinzento e asas vestigiais e corpo preto e asas normais.
Segundo a Teoria da Segregação
Independente de Mendel, os quatro fenótipos da descendência de F2 deveriam
manifestar-se na proporção de 1:1:1:1, isto é, Morgan deveria ter obtido 575
moscas de cada fenótipo. No entanto, Morgan obteve os mesmos fenótipos mas em
diferentes proporções: 965 moscas de corpo cinzento e asas normais, 944 de
corpo preto e asas vestigiais, 206 de corpo cinzento e asas vestigiais e 185 de
corpo preto e asas normais. Com estes resultados Morgan pôs a hipótese da
segregação dos genes que codificavam a cor do corpo e o tamanho das asas ser
dependente.
Todavia, caso esta hipótese se
verificasse, Morgan teria de ter obtido uma descendência com 50% de cada
genótipo parental. No entanto, após nenhuma das hipóteses anteriormente
proposta se verificarem, Morgan propôs outra na qual dizia que, os genes que
determinam os caracteres da cor do corpo e do tamanho das asas estavam no mesmo
cromossoma, pelo que são segregados, na maioria das vezes, em bloco. Estes
genes estão ligados por um centrómero. Durante a meiose, o crossing-over ocorre, ocasionalmente, na zona de ligação dos genes
responsáveis pela cor do corpo e pelo tamanho das asas, rompendo o centrómero
anteriormente referido, e ocorrendo a separação dos mencionados genes. A troca
de segmentos de cromossomas homólogos ocorre como se os genes estivessem
localizados em diferentes cromossomas. A descendência terá os mesmo fenótipos
de uma segregação que seja independente dos genes, no entanto, a proporção é
diferente dado que o crossing-over na
zona de ligação é menos frequente do que a segregação em blocos dos genes em
causa.
Conclusões de Morgan
Após estas experiências, Morgan concluiu
que todos os genes localizados no mesmo cromossoma podem transmitir-se:
-
Em conjunto, como se se trata-se de um caso de monoibridismo (Proporção 3:1);
-
Separados, devido à ocorrência de crossing-over na zona de ligação dos genes,
durante a meiose.
Caso
a última opção aconteça, a segregação independente não ocorre, sendo os
resultados deste cruzamento, uma exceção à segunda lei de Mendel.
Mais
tarde, Morgan fez experiências, em que estudou a cor do corpo e o tamanho dar
asas, para provar a Teoria Cromossómica da Hereditariedade.
Morgan
esperava obter, nos cruzamentos, um máximo de dois fenótipos (os mesmos dos que
deram origem à descendência - corpo cinzento e asas normais para fêmeas e corpo
preto e asas vestigiais para machos). No entanto, em alguns casos, obteve
quatro: corpo cinzento e asas normais, corpo preto e asas vestigiais, corpo
cinzento e asas vestigiais e corpo preto e asas normais. Este acontecimento
deve-se a mutações e a recombinações genéticas.
Resultados obtidos e variabilidade intra-especifica
As mutações são alterações bruscas no
património genético causando, na maioria das vezes, a inviabilidade dos
indivíduos, ou diminuindo a sua aptidão para sobreviver no meio. Por essa
razão, esses indivíduos, e portanto a alteração genética, tendem a desaparecer.
No entanto, em alguns casos, as mutações conferem vantagens aos serem vivos,
propagando-se de geração em geração.
A recombinação genética resulta da
fecundação e da meiose, durante a qual ocorre o crossing-over, que conduz à
troca de segmentos de cromossomas homólogos. Desta maneira, as células-filhas
irão possuir diferentes combinações da linhagem materna e paterna e, por isso,
diferentes características. Estes fenómenos permitem a melhor adaptação ao
meio.
A ação combinada entre mutações e
recombinações genéticas deu origem novos fenótipos, sendo que Morgan obteve os
correspondentes para a Drosophila melanogaster.
0 comentários:
Enviar um comentário