Tal como se pode verificar pela
observação da figura, na primeira geração (F1) todos os indivíduos
apresentavam olhos vermelhos. No entanto, após o segundo cruzamento (entre um
macho selvagem e uma fêmea também selvagem), observou-se que a segunda geração
(F2) possuía 25% de indivíduos mutantes, sendo estes machos.
Morgan
questionou-se então sobre o facto de apenas indivíduos de um dos sexos, o
masculino, apresentarem características mutantes, ou seja, olhos brancos. Por
isso, e para verificar se a cor dos olhos era uma característica cuja
transmissão era ligada ao sexo, Morgan decidiu realizar um outro cruzamento,
denominado recíproco, já que desta vez cruzou uma fêmea mutante com um macho
selvagem.
Verificou então que os resultados
deste cruzamento diferiam significativamente dos do cruzamento antes realizado.
Neste cruzamento a primeira geração (F1) era constituída por 50% de
fêmeas selvagens e 50% de macho mutantes. Já na segunda geração (F2),
resultante de um cruzamento entre um macho mutante e uma fêmea selvagem
(heterozigótica), verificava-se que 50% dos indivíduos eram selvagens e os
outros 50% eram mutantes. Contudo, dos 50% de indivíduos mutantes, metade eram
machos e outra metade eram fêmeas.
Depois de ter analisado estes
resultados, Morgan chegou à conclusão de que a cor dos olhos em Drosophila melanogaster é transmitida de
diferente maneira de acordo com o sexo dos descendentes.
Morgan sabia que todos os seres
vivos possuíam material genético e que este material estava armazenado em
estruturas denominadas cromossomas. Indivíduos da mesma espécie teriam, assim,
o mesmo número de cromossomas, que seriam todos iguais, à exceção de um par de
cromossomas que mudava consoante o sexo dos indivíduos - os cromossomas
sexuais.
Apesar de não ter dado a designação
que hoje conhecemos para este par de cromossomas (XX para as fêmeas e XY para
os machos), Morgan sabia que havia diferenças entre o material genético que os
dois tipos de cromossomas (X e Y) continham. Só assim conseguiu explicar a
diferença entre os resultados dos cruzamentos diretos e recíprocos que
realizou: o gene que continha a informação para a cor dos olhos localizava-se
no cromossoma sexual X, já que sendo a cor dos olhos brancos recessiva, a única
forma de explicar a sua expressão na descendência de um cruzamento entre uma
fêmea mutante (homozigótica recessiva) e um macho selvagem (homozigótico
dominante) era a de que o cromossoma Y não possuía a informação para essa
característica, ou seja, não tinha alelos correspondentes aos do cromossoma X.
Desta forma, receberia em cromossoma Y do pai, sem informação para a cor dos
olhos e um cromossoma X da mãe que conteria a informação para os olhos brancos,
cromossoma este que determinaria assim o seu fenótipo para esta característica.
Esta hipótese explicava também o
facto de no 2º cruzamento direto (fêmea
selvagem com macho selvagem) todos os indivíduos mutantes serem machos, visto
que para que a característica recessiva (olhos de cor branca) se expresse
fenotipicamente nos machos é apenas necessário que um dos progenitores seja
portador do alelo para essa característica no seu cromossoma X (por exemplo,
fêmea heterozigótica e macho homozigótico dominante), enquanto que para que tal
aconteça numa fêmea, ambos os progenitores têm que possuir o alelo para a cor
dos olhos branca ( por exemplo, fêmea heterozigótica e macho homozigótico
recessivo).
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